Na teoria de Jean Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: o cognitivo e o afetivo. Ou seja, paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e emoções em geral. O afeto deve estar presente na relação entre professor, alunos e aprendizagens.
Em relação à alfabetização no processo ensino-aprendizagem é importante destacar as ideias que sustentam seus estudos baseados nas investigações sobre psicogênese da linguagem escrita de Jean Piaget. Sobre isso, podemos resumir em:
- A criança não começa a aprender a escrita apenas quando entra para escola; A partir do momento que ela entra em contato com a linguagem escrita, seu processo de aprendizado já inicia.
- Esse aprendizado não consiste numa simples imitação mecânica da escrita utilizada por adultos, mas numa busca de compreender o que é a escrita e como funciona; é por essa razão que se diz que se trata de um aprendizado de natureza conceitual.
- Na busca de compreensão da escrita, a criança faz perguntas e dá respostas a essas perguntas por meio de hipóteses baseadas na análise da linguagem escrita, na experimentação de modos de ler e de escrever, no contato ou na intervenção direta de adultos.
- As hipóteses feitas pela criança se manifestam muitas vezes em suas tentativas de escrita (muitas vezes chamadas de escritas “espontâneas”) e, por isso, não são “erros”, no sentido usual do termo, mas sim a expressão das respostas ou hipóteses que a criança elabora.
- O desenvolvimento das hipóteses envolve construções progressivas, por meio das quais a criança amplia seu conhecimento sobre a escrita com base na reelaboração de hipóteses anteriores.
“A alfabetização é a aquisição do código da escrita e da leitura” (LOPES; ABREU; MATTOS, 2010, pp. 10-11). A partir dessa frase, pode-se compreender que a alfabetização nada mais é do que o primeiro contato que a criança tem com as letras, ou seja, com os códigos, os quais ela precisa aprender, a fim de que, em momento posterior possa, enfim, chegar ao letramento, ou seja, à junção dos códigos, o que permite a leitura e a interpretação daquilo que eles efetivamente querem dizer.
Cabe ressaltar que a alfabetização se dá por meio de diversas técnicas, às quais cada educador adota como melhor forma de aprendizagem do aluno. Neste sentido, Soares (1998) salienta que, em primeiro plano, a técnica a ser aplicada para alfabetizar é a utilização de grafia e reconhecimento das letras, deve-se usar o papel, entender a direção da escrita, pegar no lápis, codificar, estabelecer relações entre sons e letras, de fonemas e grafemas. Assim, a criança perceberá as unidades menores que compõem o sistema da escrita, quais sejam: palavras, sílabas e letras.
Diante das observações, é importante salientar que a alfabetização é o primeiro contato da criança com as letras, logo, é um processo de relevância. No entanto, conhecer as letras, as sílabas e as palavras, não significa que o indivíduo está pronto para interpretar, posto que é outro passo fundamental para o desenvolvimento escolar da criança. Neste sentido, dada a diferenciação entre as duas questões, pode-se afirmar que elas se complementam e, se aplicadas de forma responsável, por meio de métodos eficazes, auxiliarão na formação de um indivíduo, não somente pronto para ler e compreender os textos, mas para ler e interpretar as suas entrelinhas.